O Aeroporto de Americana enviou à Polícia Civil o relatório de pousos e decolagens realizados no local em abril. Segundo a prefeitura, que administra o local, as informações foram solicitadas pela polícia, que na semana passada apreendeu um helicóptero e um avião no local, por suspeita de lavagem de dinheiro.
No sábado da semana passada, dia 28 de abril, a polícia informou que esta ação no aeroporto de Americana foi possível por causa da apreensão de 458 quilos de cocaína em Carauari (AM), no dia 23. Na cidade do Amazonas, a droga foi encontrada em um avião bimotor que partiu de Americana e que está registrado no nome de uma empresa da cidade, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Segundo a prefeitura, houve 161 pousos e 180 decolagens por mês, em média, no aeroporto em 2018
O dono da firma diz que vendeu a aeronave há dois meses (leia abaixo). A polícia informou, também no último sábado, que apura fraude nesta venda, pois o comprador disse desconhecer a aquisição.
Nesta semana, o delegado responsável pelo caso, Luís Carlos Gazarini, não quis dar mais informações. Segundo a prefeitura, houve 161 pousos e 180 decolagens por mês, em média, no aeroporto em 2018. A média mensal de 2017 era pouco menor: 142 pousos e 167 decolagens.
Segundo a Anac, o helicóptero apreendido em Americana está no nome de Michael Soares Prudêncio, que tem uma firma registrada em João Pessoa, na Paraíba. Procurado por telefone, ele disse que “já foram tomadas providências”, mas pediu para a reportagem ligar depois das 18 horas. Após este horário, ele não atendeu mais.
De acordo com a Anac, o avião apreendido na mesma operação em Americana está no nome de uma empresa chamada Atlanta Manutenção de Aeronaves, que fica em Salvador (BA). Uma pessoa que se identificou como filho de um dos donos afirmou que a aeronave já foi vendida, mas não deu detalhes. De fato consta um comunicado de venda no site da Anac. O operador da aeronave, segundo a agência, é Wagner Aurelio da Luz Santos, mas a reportagem não conseguiu meio de contato com ele.
Empresário diz que já vendeu aeronave
Os advogados de Wesley Evangelista Lopes informaram, em nota, que ele vendeu a aeronave apreendida no Amazonas há cerca de dois meses. Lopes é o dono da Meu Cockpit Ecommerce Eireli – ME, empresa aberta em Americana e no nome da qual o avião está registrado, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
No site da agência consta um comunicado de venda. A Anac diz que a mudança de titularidade pode estar em trâmite. Um dos advogados de Lopes, Ricardo Melro, afirma que a transferência ainda não foi efetivada.
Os advogados informaram que, nas investigações, Lopes não figura como responsável pelos “ilícitos” descritos na reportagem, que a defesa chama de “inverídica”. Segundo a defesa, Lopes foi ouvido e liberado pela polícia porque não havia elementos que o ligassem ao avião.
Melro disse que o avião foi vendido para um homem chamado Alexsandro – o advogado não sabia seu sobrenome. No site da Anac, consta que o avião pertence à empresa Meu Cockpit e que o operador da aeronave é Alexsandro Roberto Gonzaga, mas O LIBERAL não conseguiu meio de contato com ele.
DEFESA
Os advogados do empresário Wesley Evangelista Lopes enviaram nota nesta sexta-feira sobre o caso, reproduzida abaixo, na íntegra. A nota é assinada pelos advogados Dayhara Silveira da Silva e Ricardo Ribeiro Melro.
“Em resposta a matéria trazida ao jornal em que retrata que a aeronave apreendida na cidade de Carauari (AM), estaria em nome de uma empresa de Americana, vinculando ainda o nome do empresário Wesley Evangelista Lopes, este esclarece que a matéria é inverídica, haja vista que a aeronave apreendida foi devidamente vendida acerca de dois meses, tendo sido o comunicado de venda devidamente registrado na ANAC, bem como o contrato de compra e venda reconhecido firma em cartório, como já verificado pela própria Polícia Civil de Americana.
Os advogados do senhor Wesley, que subscrevem esta nota, estiveram na Comarca de Americana e em diligência a Polícia Civil, constataram que o delegado de polícia possui várias linhas de investigação sobre o presente caso, sendo que em nenhuma delas o senhor Wesley figura como responsável pelos ilícitos descritos na matéria.
O senhor Wesley prestou todos os esclarecimentos ao delegado de polícia na quinta-feira, dia 26 de abril, tendo sido liberado posteriormente ao seu depoimento, haja vista a ausência de elementos que ligassem o mesmo a aeronave apreendida no Estado do Amazonas.
No inquérito em curso na Polícia Federal de Manaus, também não há qualquer vinculação de ilícitos ao senhor Wesley, razão pela qual o mesmo informa que desconhece o envolvimento com atividades ilícitas de sua empresa e funcionários, visto que sempre trabalhou com completa lisura. O mesmo está a disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos.” |