O ex-ministro José Dirceu se apresentou ontem, no início da tarde, à Polícia Federal em Brasília após ter recurso negado por unanimidade no Tribunal Regional Federal 4 (TRF-4) e ter o mandado de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro. Dirceu foi condenado a 30 anos e nove meses de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa por ter desviado R$ 46 milhões.
Esta é a quarta vez que o petista cumpre pena em uma prisão, desde que foi detido na ditadura. Os advogados de defesa justificaram que Dirceu não oferece riscos à sociedade se mantido em liberdade.
Ato de apoio
Um grupo de 20 manifestantes aguardou José Dirceu na entrada da Superintendência da Polícia Federal do DF, onde o ex-ministro não chegou a ir.
Os líderes petistas não se manifestaram de forma efusiva contra a prisão do ex-ministro. Gleisi Hoffman usou as redes sociais para criticar a prisão do ex-presidente Lula e não citou Dirceu.
O deputado baiano Afonso Florence (PT) disse à reportagem de A TARDE que a prisão de José Dirceu é um "absurdo". "Enquanto quem tem mala, quem diz que vai mandar matar primo por telefone, tem caixa de dinheiro, está livre", reclamou.
A ex-mulher de Dirceu, Clara Becker, divulgou a conversa que teve com ele nas redes sociais e emendou que “um dos nossos equívocos”, disse dirigindo-se aos militantes, “foi não ter apoiado Zé coma mesma energia que apoiamos Lula”. Adiante, concluiu dizendo que “não vão soltar Lula, não vão te soltar. Esses canalhas já demonstraram que são desumanos, cruéis, monstros”.
O PT divulgou uma nota de seis parágrafos onde citou Dirceu uma vez, e afirmou que “o povo brasileiro está cada vez mais consciente de que o sistema judicial vem sendo manipulado para perseguir os que sempre se colocaram ao seu lado. O companheiro João Vaccari, por exemplo, está preso "preventivamente" há mais de três anos”, diz a nota.
Histórico
Fundador do PT, foi deputado por São Paulo. Quando Lula assumiu a presidência, foi escolhido Ministro Chefe da Casa Civil. Em 2005, acusado de corrupção, deixou o governo e teve o mandato de deputado cassado. Em 2012 foi condenado no Mensalão, preso no ano seguinte e, após um ano em regime fechado, passou a cumprir pena em casa. Em 2015 foi preso por corrupção na Lava Jato. Em 2016 foi condenado, mas recorreu às instâncias superiores, até ter a prisão decretada esta semana. |